terça-feira, 12 de maio de 2015

DIVERTIMENTO

DIVERTIMEMTOS
).......ir ao cinema era habito comum, na população mais citadina de Tete. A cidade orgulhava-se das duas salas modernas, São Tiago e Estúdio 333, luminosas e de boa projecção cinematográfica . Olhando o rio,donde a brisa, o acariciava com a frescura natural, sempre desejada em terra quente, era um encanto único, um terceiro-- o Kudeca, cinema ao ar livre em lugar privilegiado . Para a população com"kobiri" completavam a vida do dia a dia. A "volta dos tristes", o convívio pela hora de fresco pela noite dentro, os alegres e divertidos bailes nos clubes sociais por qualquer pretexto, as quermesses, o futebol e o hóquei patins, eram os cinemas que reuniam mais assistência: só a visita anual da canhoneira, atracada ao cais muralha do século XVIII conseguia mais.
Varias sessões enchiam os fins de semana e feriados.Qualquer pessoa,fosse qual fosse a sua condição social, morasse onde morasse, poderia adquirir o ingresso.
As matinés preenchiam as tardes da juventude, em idade de pré ou namorico á vista. Era o escape da semana de aulas e desfrutarem da liberdade por umas horas. Pelo começo da noite a sessão adulta .Uns, velhos residentes, ocupavam o lugares avençados, outros faziam longa fila na bilheteira que esgotava, quando os actores eram estrelas famosas de Hollywood ... do romantismo francês ou "do top" universalmente conhecidos.
Quando, os lindos saris ,assentando perfeitamente em corpos esbeltos, desfilavam elegantemente na mesma direcção, pela manhã, era sessão indiana, as cores evidenciavam-se na sala, quebrando o tempo do drama, de longuíssima metragem.
Passagens de cenários atraentes, para qualquer cidadão de qualquer nacionalidade e traz muitas saudades, a quem os viveu, natural ou não, desse distinto lugar que repelia o visitante ao primeiro contacto e o afagava longamente nos posteriores, tornando-o amante-residente................
As três casas de espectáculos eram deficitárias.Não pela falta de frequência,mas, por um mau esquecimento. O esquecimento do povo. Do povo suburbano de baixo rendimento operário espontâneo de qualquer serviço. O verdadeiro povo alegre que corria ávido apanhando a "m'cham"(?), insectos alados, em volta da iluminação publica,que acorriam aos milhares ,em movimento rotativo num espectáculo único.Era ver quem apanhava mais......saciando o desejo gustativo.
Para esse povo, existira um clube o Centro Africano ,que nasceu tal como morreu, quase sem se dar por isso, reduzido que foi a uma equipa de futebol............
Tremendamente esquecido na área cultural ,não existia vontade, lugar nem horário para uma sessão popular, de baixo preço, que ele pudesse frequentar, desfrutar da alegria, conhecimento e poder da sétima arte............(Baú do Tempo)