quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

MÃO CHEIA DE MAPIRA





A cidade, cresceu, galgou o rio e foi para a outra banda saltou o vale de nhartanda e bateu no sopé da serra. Qual mão cheia de  mapira  espalhada do Chingodzi até á Caroeira.Casas pobres e ricas, cantos e recantos , travessas e becos ,ilhas, picadas formando ruas onde, em tempo de chuva,reina o divertido matope .


Tudo isto deve-se á procura de melhor vida e em qualquer lugar se constrói e  se acolhe  família.




As fotos e o  google dão-nos essa ideia, com
excepções,como os condomínios fechados ,
aqui e acolá , onde vivem profissionais de
empresas ali instaladas.



Empresas Geradora de  emprego e riqueza no país que se espreguiça, fugindo da letargia e cresce, organizado e pacifico
Espera-se um crescimento de 10% do PIB em 2015. 

Pelas imagens Tete faz. E o seu desenvolvimento em todas as areas é uma realidade.






 Tete , tem sido nas últimos anos, um chamariz de grande atracção, próspero,  dando muitas  oportunidades  de emprego e negócios. Esta onda  gigante, transversal de desenvolvimento, na província mais interior,  tem,organicamente, que deixar os seus frutos na área social rútila para as populações , actuais e futuras.

A Nova Ponte,simbolo de progresso, ligando a sul da cidade ,vai-lhe retirar o transito pesado,dár-lhe mais pulmões  saudaveis  irá naturalmente  acolher  população  nas mediações. Poderá ali nascer uma nova-Tete, urbanizada, moderna, airosa,  um reflexo integral do tempo que  atravessa.Virada ao rio, que nunca poderá desprezar, por toda a sua extensão em ambas as margens, há lugar para abrigos e clube sociais dos pescadores. Ancoradores de embarcações de recreio e turismo, uma fonte á espera do dia certo.


Esta “mão cheia de mapira” espalhada  será ignorada, é um marco histórico de bairro suburbano.  De liberdade assegurada.  Residência  do trabalhador indiferenciado, aquele que é procurado quando necessário , campo próspero de políticos, mas por vezes esquecido, em qualquer parte do mundo
Todos as grandes metrópoles devem,paginas de números cifrados e história qualificada a esse povo ,que é sempre o mais sacrificado na vida. Mas é dele que vem a alegria nos momentos festivos .Os tetenses são alegres e respeitadores. Cria a tradição,folclore,marca nacional,  o artesanato identificativo duma região, fonte de riqueza turistica. É ele o portador da bandeira pátria no coração.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

O GRANDE MISSIONÁRIO pe.Luis Garcia Castro




Á porta da garagem Teixeira , que ficava na Av Eduardo Mondlane (antiga Av Gen,. Bettencourt ), uma motorizada, já velha e cansada a precisar de reparação. Apesar da sua velhice  corria picadas e  atalhos por esse mato fora. Aldeias típicas e naturais ou aldeamentos improvisados e obrigatórios. Os pneus só eram mudados quando a lona não suportava mais as picadas das pedras por onde rolavam. Mas o destino e a mensagem que levava era mais importante que todo o resto. O dono "abandonou-a" deixando recado que  "se ia abaixo e mesmo guiinhando* não se aguentava", voltaria pelo  fim da tarde. Aproveitou boleia e lá foi na sua missão de bem servir os outros. A garagem já não estranhava estes "abandonos" e o  Luis, Chefe de oficina, nem perguntava ao patrão se poderia arranjar, porque conhecia a resposta. Avançou e mais uma vez reparou-a com aquela disponibilidade de  fazer um bem, em prol da comunidade. A comunidade para onde ela iria no dia seguinte transportando o seu utilizador na divulgação  da fé e caridade ,  em tudo o que era lugar onde houvesse uma pessoa. Castro era o seu nome, padre o seu curso e missionário a sua plena vocação, fazendo dela o seu quotidiano.

Quem não o conhecia, em terras de tetenses ? E quem não tem histórias para contar desse homem, que soube , exemplarmente, cumprir a sua missão? Fosse qual fosse a sua raça, etnia ou credo?






A sua grande esperança era a reconstrução de Moçambique e em Dezembro de 1975 proferiu esta frase

"Temos muito que trabalhar e ajudar a levantar este pais que tanto custou independizalo.Estou muito feliz e faltando muitas mãos"(sic- from IEME-Hotzi.com

Faleceu em cenário de guerra em 6 deAgosto de 1976.  Os seus restos mortais ficaram  onde exerceu o seu ministério no cemitério de Tete.
Um mês antes do trágico falecimento a caminho da Beira, na ponte do Pungwe escreveu a sua mãe:


Querida mamã:

Recebi a tua carta que escreviste a primeiros de Julho. Vejo que as minhas cartas chegam muito atrasadas. Mas chegan. Já estava ansioso por receber a tua.  A tua carta é toda optimismo e me dás todas as bênções havidas e por haver. Obrigado. Es uma mãe muito gira e valente que eu tenho visto. Ninguém te ganha em generosidade e por isso o Senhor te da sempre um cento por um. Bendito sejá Deus mil vezes. Assim sejá.

Mamã: sou simplesmente feliz com todo isto e me encontro como peixe no rio. Sigo com muitas ganas de ser padre e sigo sem ter tempo para casar-me. Só peço a Deus um sobrinho que se chame Luis Garcia, que ainda não há. Olha que pouco ambicioso som para as coisas do mundo!


Espero que no céu falemos a vontade porque, como vês, neste mundo vivemos com pressas e não há tempo para as nossas coisas. Deixa. Da bem mais felicidade dar que receber. Porque quem da, da e recebe alegria. E, que mais queremos mamã?, essa é a vida. O egoísmo é a morte, é dizer, o pecado. Por aí não nos vão colher. Quando morrermos diremos: MISSÃO CUMPRIDA. Que é o que tu fizeste? Pois, nada especial. Alegrar todo o que eu puder aos demais, dando guloseimas para o corpo e para a alma. Passou a vida assim correndo...Passa. Deus dirá. Assim Seja.
Que  mágoa que não tenhas ainda setenta anos! Vir-te-ás comigo. Ai, as minhas velhotas se te vier! Morrer-te-ás de gosto. Podes vir apenas uma temporada. Por que não? Saca passaporte. E regressamos juntos. Um bilhete de ida e volta por quarenta e cinco dias e pronto. Em quinze horas apresentamo-nos em Moçambique. Animo! Vai aforrando. Isso não vai ser problema. Venderemos maçãs carameladas na porta do metro. Não te faltaria nada. Temos médicos e enfermeiras -monjas-. E comidinhas apropriadas. °Já, já...! Ta bom. Ao serio. Não é nada impossível, Ai, que surpresa era!

És tremenda. A tua carta tranquilizou-me muito. És a mulher forte da Bíblia. Já não estou coxo, já não tenho parasitas e já não tenho nada nas mãos nem nas plantas dos pés. Milagre. Obrigado com Deus. E  peso 75 quilos. Estou giro e elegante. Saudações a todos
 e abraços. Quero-te. LUIS.

Fonte http://padrecastro.hostzi.com/cartasport.htm