segunda-feira, 22 de agosto de 2011

ONDE MATAR A SEDE

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TETE DO MEU TEMPO Oct 5, '07 2:20 PM






por 1963joaopara todos


ONDE MATAR A SEDE




..... a cidade crescia e as horas de trabalho prolongavam-se pela noite fora. Os bares, cafés e restaurantes davam trabalho e emprego a muitos tetenses. Proliferavam pela cidade desde a circunvalação até á beira rio.

A população escolhia-os de acordo com o seu status social , os amigos ou por uma questão de hábito e conhecimento pessoal do dono.As garrafas de cerveja, fosse qual fosse a marca, Manica, 2 M ou Laurentina eram autenticas "bazucas" de consolo acompanhadas com pratinhos de dobrada ou camarão, agazalhados com o sabor do piri-piri sacana, que se libertava com o correr do liquido gelado.


Se começarmos pelo Bar do Fernando Soares Pereira, não é mais que recuar no tempo, quando era o ponto de encontro principal da população citadina. Os que se seguiam desconhece-se, mas bem perto havia o Alves e mais abaixo o Central, onde a proprietária, fotógrafa amadora , perguntava á primeira chapa: – quer com ou sem gravata ?


O Copacana refugiava-se na Circunvalação, contrária ao da bela zona da cidade do Rio de Janeiro, e o PicNic pelo nome, bem melhor ficaria no jardim da alfandega á beira rio,circunscrisção exclusiva do Almadia, pousou na Isequiel Bettencourt mesmo na alma da cidade. O Beira Alta acertou na rua ,a circunvalação, não só³ era a beira como tambem a parte mais alta da cidade.


Para que nem tudo fosse colorido, pelas cowboiadas e as lindas artistas da época , Sofia Loren,Gina Lolobrigida, Brigitte Bardot, Mónica Vitti ,Caterine Deneuve ..and so on, o Dominó abria o seu jogo, ao lado dos cinemas, baralhava todas as pedras de preto e branco, juntava á hora da saída as capicua de final de jogada.


Parecia-nos desacompanhado o Bar-restaurante Freitas , engano, era ali que os condutores de grandes percursos encharcavam o nsomba pende fresquinho que quase saltava do rio para frigideira e logo no prato.


Percorrendo este passeio alcoólico, teríamos que parar no velho e histórico Carlettis, santuá¡rio de tantos namoros perdidos, ficava na Gabriel Teixeira, nome de governador que foi de bom gosto pois whisky só escocês . Embalados pelo gosto paramos onde o Zambe, era lugar de contraste, além de bar era restaurante e apeadeiro dos assistentes á santa saí­da da igreja nova,pelas manhãs de domingo.


Por vezes há uma Estrela na vida duma pessoa e antes de visitarmos o bar do mesmo nome, passamos pela Marisqueira e salão do Zambeze , eram talvez os lugares onde os homens de negócios mais tramavam o consumidor, por vezes em tertúlias mais prolongadas, deslocavam-se ao Aero Clube para terem uma visão mais panorâmica dos preços e raciocinarem melhor .


Antes de entrarmos na noite, seria melhor adocicarmos o paladar, para o álcool não surtir tanto efeito, com uma boa confecção, os pasteis de nata, eram uma maravilha da pastelaria Caravela ou da Bracarense que não ficavam muito longe uma da outra.


A noite, esperava-nos ansiosa de notas que saltassem nas mesas e o troco esquecido nos bolsos das servidoras,importadas do Moulin Rouge Beirense, de trajo ousado e pernas ao leu.

A Taberna do Cigano, respirava de alívio quando, os de lugares marcados, encantados com as “giocondas” ,sorviam whisky rebaptizado e mastigava amendoim ao preço do camarão.


Era apenas o intróito da madrugada. O Dancing Maxime afagava-os sorridentemente. Na mesa , sempre reservada caí­a a garrafa de scotch ,com o nome rabiscado no rótulo, tantas vezes quantas o nível baixasse. Entre os dois níveis ,o verdadeiro e espirituoso lí­quido evaporava-se e era preenchido pelo irmão brandy comprado no Xipamanine.


O espectáculo absorvia-os e o paladar traiçoeiro confundia-se nas pedras de gelo, aos cachos,que ajudavam a dar som á festa no tilintar dos copos. A luzes “sombreavam” o recinto, e quando uma streap, prata da casa, apareceu surpresa, abriu a primeira página do jornal regional falado “ O Milando- percorreu todos os bares ,cafés e restaurantes gratuitamente e em tempo record. A mulher do...dona de casa,exemplar, abandona o lar e marido para se dedicar á vida artista.