……tenho visto várias fotografias do edifício dos
correios. Umas todo pintado de vermelho outras como esta. Era um edicio mais ultil que bonito . A quem o vê
deixa um sentimento percorrer-lhe a memória e recordar momentos de vida. De cartas que recebeu do
amor distante ou do desgosto, com lágrima interior, de nunca mais receber.Como não havia
carteiros, tinha-se que ter uma caixa
postal. Dando tempo á distribuição, após a chegada do avião , apinhava-se gente
de chave na mão á espera de espaço para abrir a caixa. Acto comum,uns entravam
e saiam sem cumprimentar fosse quem fosse. Os mais conversadores rodeavam em
convivo , quase vicio, atrapalhando os
mais apressados. O trocar de
acontecimentos “milandescos”em hora de trabalho. Demorar mais havia a eterna
desculpa do atraso ou lenta distribuição. O meu itinerário era sempre o mesmo. Era me o
mais divertido estivesse a chover ou sol
de torrar. Da avenida central, virava á Pendray eSousa, passava o Clube de
Baixo(Sporting) em direcção ao rio.O rio que me fascinava pela sua grandeza,
pelos barcos de passageiros com katundus e de lindas capulanas, pelo batelão possante que transportava
toneladas vencendo a forte corrente. Virava á esquerda via a encarcerada,
solitária e sacrificada gazela, cruzava o jardim da alfandega , mãe de agua e kuima.
Pelo jardim por vezes lá se viam namoricos, sentados no muro ou no canto onde
estava a registo ,dos anos, de maior enchente do rio. Bonito de ver são momentos do tempo que não regressam e têm um sabor único.
Batia o rio forte e ruidoso. Parei para ver como
redemoinhava no angulo do paredão do jardim.
Nyakoko que por ali passasse teria dificuldades em vencer aquele turbilhão. Como chovia estava só nem mesmo os empregados da
alfandega e guarda fiscal se viam. Visto e revisto segui o meu destino. A surpresa por vezes aparecia e nos
ajustava a uma realidade que a cidade ocultava. Carro parado encostado á mãe de
agua, como que escondido. Alguma coisa se passou. Será que a corrente entupiu a
captação? Espreitei. Não, não era de gente de desentupir canos nem tecnicos
avaliadores de qualquer ocorrência. Um casal, não acasalado, conversava com
algum carinho, talvez suprindo carências ou agendando local mais apropriado.
A minha boca fechou-se
e no meu olhar apenas ficou a fotografia irrevelável . Assumi a pose dos
três macaquinhos á sombra de imbondeiro .Confirmavam que me viram os seus olhos , ao cruzarmo-nos em qualquer ponto da cidade ,denunciavam comprometimento.
Não era estanho na cidade essas poses. Umas mais expostas outras mais recatadas. Em qualquer sociedade isto acontece e porque não em Tete? No interior do sertão africano….carente de acontecimentos extras....
Não era estanho na cidade essas poses. Umas mais expostas outras mais recatadas. Em qualquer sociedade isto acontece e porque não em Tete? No interior do sertão africano….carente de acontecimentos extras....
A prova real surgiu com a vinda de diferenciadas que frequentavam a Taberna do Cigano, o Maxime e outros bares. Foi uma época de oportunidades em todas as áreas comerciais e urbanas e em todos os sentidos sociais. Affaires codificados sem calhamaço de registo.Migrantes que chegavam sem carta de chamada ou certidão de registo criminal. A cidade acolhei-as. Encontrando cada uma o seu lugar ou ocupando o lugar de outra……
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