quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

PASSEIO Á CHUVA



Passeio á chuva

..umas nuvens escuras vindas do lado do Zobué sobrevoavam Moatize, chuva que parecia ser passageira, seria de aproveitar. Saí com destino ao rio para apreciar o que dava um prazer incontrolável o encontro das pingas de descarga grossa com a turbulência do rio . Esperei ,esperei e começou-me a cansar a demora. Encostei e o Dominó foi a minha paragem de espera .O café de muitas recordações. A afabilidade dos empregados á simpatia do Torrão conservavam naquele pequeno espaço um clima de bem estar. Ali se cruzava muita gente e se combinavam encontros de negócios ou de namoricos. O cinema dava-lhe mais vida pelas horas do filme e ao domingo era de facto o dia maior do Dominó. Lugar de ver sair ou entrar saboreando um fresco mazagran ou um wisky saloio onde o ginger-ale mandava na percentagem. Não era difícil não encontrar alguém , mesmo que manhã fosse de sábado quente . Lá estávamos três e palavra puxa palavra em diferentes opiniões. O Santos Martins era mais ortodoxo e puxava a conversa para os feitos bélicos , bem lá no interior ou no norte, que desconhecíamos. Exaltava-se com frequência .No momento bem mais que o habitual porque se sentou na mesa o Magalhães, que sempre ,discordava com a sua ortodoxia. Magalhães , um relações publicas nato, estava prestes a deixar Tete , porque a firma onde era gerente o chamou para a Beira, refutava serenamente num português bem mais vernáculo o que o desarmava com facilidade. Nesta de estar sentado com vontade de se levantar, venceu a vontade e o jornalista saiu, apenas com um gesto para a mesa dos senhores Chaby e Garção ,sem qualquer saudação como se fosse á procura da chuva que eu esperava….
Por fim lá veio ela bem forte e saí , arranquei até junto ao jardim da alfandega(lugar de muitas recordações), onde uma gazela refém e solitária sofria todas as inclemências do tempo. Por lá ficou o Magalhães e o Torrão em cavaqueira. A chuva era de facto forte e o Zambeze já ia farto, mais farto ficou. Engrossando o caudal com a rapidez da chuva ,depressa se espraiou pelas margens. Enquanto bateu forte no carro deixei-me estar.... e mal começou a abrandar foi ver se deu para fazer poça …lá para o Nhartanda. Ali quando poça ficasse, passados poucos dias, nasciam lindos nenúfares duma beleza ímpar.Lugar natural de tais nascimentos mas que nunca fora aproveitado para que o bouquet continuasse sempre vivo.

Defeitos dos muitos com que a cidade convivia.

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