domingo, 8 de janeiro de 2023

QUEM FICAVA GOSTAVA

 ...não era preciso muito para encontrar alguem ,que desse para uma conversa animada. Em qualquer cafe havia sempre alguem conhecido. Esperava-me no cafe do hotel Zambeze um velho amigo que viera trabalhar para Cahora Bassa vindo do puto. Mal cheguei apos um abraco apresentei-o a três tetenses que  aquela hora deveriam estar a complementar o mata-bicho ou a abrir o apetite para o almoco com manica e amendoins.O à vontade que com que o meu amigo entrou entre desconhecidos libertou-lhe logo o ficar a gostar deles e da terra
Era assim cidade de Tete aberta a quem viesse por bem tambem por bem ficava a gostar dela.
Tete apesar de todos os defeitos que lhe punham tinha uma alma abrangente onde todos ,fosse quem fosse, se sentia em casa.1

Depois dum bate papo de novidades do puto arranquei com ele para conhecer a cidade e ver que apesar de pequena tinha alguns atrativos interessantes de valor e histórico.
Tambem com algum ênfase o crescimento quer urbanístico quer "cultural"  pouco mas que já se sentia  a diferença em sentido positivo.

Levou com ele uma ideia bem diferente da que tinha antes de a conhecer.






terça-feira, 10 de agosto de 2021

PASSEIOS Á CHUVA - assunto para resolver

 ...saio do serviço e dou com uma chuva miudinha ,Apesar do Christos Luscos ser perto do meu local de trabalho, não me apeteceu apanhar o chuvisco que caia. A maioria das pessoas até circulava contente saboreando o fresco que ela trazia  que acalmava o pó, que se levantava com o tráfego automóvel. Entrei no carro ,fui obrigado a fazer o percurso até ao cruzamento biblioteca/BNU e  voltar para trás, para estacionar frente ao christos.  quando  a pé bastava atravessar a avenida central, Gen Bettencourt, mais una metros e pronto..
Não havia qualquer dificuldade de lugar, estacionei. subi  ao escritório para falar com um grande amigo ,o sr. Cunha, Sempre sorridente e bem disposto atendeu-me, como só ele sabia, com toda a disponibilidade e amabilidade. Também com aquele sorriso encantador, que uma senhora bonita sabe ter, a Violante correspondia com toda a simpatia que sempre teve. Com pessoas como estas,  dava gosto tratar fosse do que fosse, pois saia-se sempre bem disposto. Tratei de tudo o que tinha a tratar com um tá-tá saí.
Ao me dirigir para o carro,  naquela cidade quem é que não se conhecia , cumprimentei o Ferreira da Silva dos Seguros que não deixou de contar uma anedota. o "pintex* alcunha  de quem nunca soube o verdadeiro nome e dei de frente com um amigalhaço que me pareceu ter saído da papelaria Lopes. O Manuel Ventura, o teacher, mas que optou por ser banker. Estar com ele era remédio santo para quem tivesse alguma indisposição., passava-lhe logo pois o seu ar feliz e alegre transmitia-se com naturalidade . Com ele possível sem qualquer esforço adquirir a serenidade.
Depois dum bate papo rápido, lembrei-me  que  deveria de passar pelo Casimiro Martins, ver as novidades, pois estava a precisar  de comprar uns sapatos. Vi  mas não havia par que me agradasse. Quem encontro com um ar de desportista o Mário Batalha. Subimos ao Carlettis e tomamos um  copo com aperitivo para abrir o apetite para o jantar.
Fiz jus a não demorar muito tempo ,a família esperava-me. Regressei pelo caminho por onde viera, passei frente aos cinemas e la estava a explanada do Dominó. completamente cheia. Muitos eu não conhecia, uns seriam militares outros novos residentes que Cabora Bassa chamou. A cidade estava em franco crescimento e a população aumentara .
Adivinhava-se um futuro brilhante para aquela vetusta cidade de Tete que tem a seus pés um dos maiores rios do mundo. Capital do território mais interior de Moçambique é rico em solo e sub-solo. Território que é caracterizado pelos vários microclimas que podem convertê-lo no celeiro do país . Se assim acontecesse toda a sua população viveria muito melhor  e o desenvolvimento chegaria carregado de benefícios para toda a gente.    

anos 70


quarta-feira, 9 de setembro de 2020

 Passeios á chuva- Tete gaiata morena de lábios doces .


... já tinha reparado, numas nuvens carregadas, que começavam a despontar do lado da Caroeira. Até seria bom que houvesse alguma precipitação, o meu quintal-jardim bem precisava de ser regado a sério. As pêras goiabas estavam a cair e as que não caiam, a serem provadas pelos pássaros de papo branco e cauda maior que o seu fino e delicado corpo. Ao mesmo tempo, tinha receio que viesse uma trovoada de partir tudo, porque a minha figueirita de figos grandes, carnudos, não iria conseguir segurá-los e lá iam por água abaixo o meu preferìvel fruto ao mata-bicho... Era sábado. Aos poucos formou-se um grupo frente á papelaria Lopes, onde não faltou o dono Carlos, o Marques (o Chichas) o Nunes, o Oliveira (dos Seguros), o Luis Filipe( o bolinhas) eu e outros. Falava-se de tudo mas o futebol vinha sempre á baila, não fosse o Nunes o presidente da associação . Mesmo quando estava a sair do Christos Luscos,depois de ter visitado o comércio desta zona, talho, peixaria, relojoaria,boutique, a mulher , já com o que comprara, num minuto, rebentou uma trovoada, daquelas de encher todos os buracos da rua e elevar o caudal do rio. Engraçado, nunca tive guarda-chuva nos três países africanos onde vivi; Angola, Moçambique e por último na Rodésia (hoje Zimbabwe). Liguei a ignição e o rádio sempre sintonizado no RCM ,difundia o samba "Chove , chuva , chove sem parar..." voltamos á direita e subimos a António Enes. Dum lado a bomba de gasolina da Zambézia do outro o hotel e a barbearia Pedra d´Ouro, a farnácia Galénica . Passamos a casa do juiz, o banco Sotto Mayor, auto Industrial e paramos frente á Univendas ,a correr, atravessamos a rua em direcção á Classica. O Jacinto, sempre bem disposto, desfazia-se em simpatia, com todos os clientes e para os amigos tinha sempre uma palavra com graça. Enquanto a mulher desfolhava as revistas, á procura do desenho da última moda, encostei-me á ombreira da porta e divertia-me a ver como as pessoas se protegiam da intempérie, abrigando-se junto ou entrando no comercio. .. Haviam os que não receavam o molhado e até era altura de se mostraram, como o gingão, ginga a brilhar e afinada, fato de balalaica clara, impecavelmente vincada, óculos escuros, cigarro ao canto da lábios,chapéu com pena e espelho redondo, que lhe saíra numa rifa do bar Alves... a mulher a pé queria correr ,mas a capolana e o filho, que carinhosamente trazia ás costas, travavam-lhe os passos .. puxou a ponta que lhe cobria os seios e tapou a cabeça do filho, num gesto, duma subtileza feminina de carinho maternal....e o gaiato calções pardos,por precisarem de lavagem, aproveitou o ajuntamento para pedir uma quinhenta..

...gostava de ter seguido a chover. Eram quase horas de almoçar. Dei meia volta e dirigi pela Ezequiel Bettencourt, com o Banco Standard Totta, o restaurante Lisboa, a casa do Hassan (do cinema)e mais recuadas outras casas de gente amiga, do lado direito a Somac, onde o Marques desenvolvia metodicamente o comércio de materiais de construção e a seguir, uma frente de prédios de vários pisos, e vivendas individuais até ao fim da rua, onde ficava o Lar do Estudante e uma capelinha, a desejar boa viagem a quem saísse da cidade. Conjunto que identificava bem a cidade moderna que submergia.

Estava mesmo na hora. Esperavam-nos uma carilada, umas manicas e para atestar umas mangas... daquelas pequenas dum gosto ímpar.

O rádio tocava "kanimambo"....

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

A TEMBA

TEMBA

.. a maioria dos Tetenses tinham um conceito errado da Temba. Bairro tipicamente africano, sobejamente conhecido, mesmo colado á cidade. A palhota, impecavelmente construída, com os métodos mais tradicionais, circular, era um abrigo onde a chuva , por teimosa e pesada que fosse , dificilmente conseguia penetrar naquele lar familiar africano. O sol nem tentava, porque a primeira espreitadela, era única, antes que tornasse a incomodar a sesta do residente. Entre este tipicismo, já havia imitações do progresso, e palhotas houve que perderam a primazia para dar lugar a barracas de madeira e zinco, bem menos confortáveis, e algumas de alvenaria pobre e tosca.
Mas a Temba, onde habitavam a maioria dos mainatos, pedreiros, carpinteiros, serventes, gente séria de outros serviços e outras menos sérias vivendo de terceiros, enfrentava um grande desafio...a urbanização... pensada e projectada batera-lhe á porta e perante esta ameaça efectiva.. nada a fazer, começou a deslocar-se, lentamente, para a encosta do Nhartanda.
As ruas começaram-se a rasgar... aquela gente pobre, que servia quem ordenava a mudança e lhe derrubava a casa-palhota, saía humildemente, sem pedir indemnização, mesmo que levantasse a voz, tudo era clandestino... nem a Lei de Usucapião tinha sentido ..
Silenciosamente constuiam um abrigo que pudesse acolher os seu filhos, mwanitas gorduchos e risonhos, que nasceram naquele lugar e ali cresceram e se habituaram a viver entre amigos. Com arame artisticamente dobrado e redobrado, circular e estendido, dando formas milimétricas, a olho nu,copiando o carro de marca famosa do muzungo que por vezes girava por ali... com carros de arame "made in Temba" faziam corridas nas veredas circundantes...
Temba socialmente pobre aristocratizou-se e nela os nomes sonantes da história, deram nomes, ás ruas como, o Marquês de Pombal, onde a Escola Industrial e Comercial Dr.Lacerda e Almeida, poisou num edifício feito de raiz, obra em todos os sentidos grandiosa para o burgo. D.Gonçalo Silveira, sentiu-se, e quis rua abriu-a e construiu nela o Paço Episcopal... bem mais para outra gente, mais povo, fizeram crescer bairros.... o Popular.. o Fumbe..
Onde morava a palhota típica, nasceram modernos edifícios, escolas, vivendas senhoriais .... mas para o velho residente da Temba, que descia á cidade para servir ...serviu na edificação da Nova Temba, não sobrou nada para ele.
Recolheu-se na encosta que escorrega para o Vale das Donas ou Nhartanda...
A cidade não os perdeu..continuaram a sua luta na cidade, nos serviços, nos cafés e restaurantes, comércios e casas particulares... gente boa e de  confiança.

terça-feira, 12 de maio de 2015

DIVERTIMENTO

DIVERTIMEMTOS
).......ir ao cinema era habito comum, na população mais citadina de Tete. A cidade orgulhava-se das duas salas modernas, São Tiago e Estúdio 333, luminosas e de boa projecção cinematográfica . Olhando o rio,donde a brisa, o acariciava com a frescura natural, sempre desejada em terra quente, era um encanto único, um terceiro-- o Kudeca, cinema ao ar livre em lugar privilegiado . Para a população com"kobiri" completavam a vida do dia a dia. A "volta dos tristes", o convívio pela hora de fresco pela noite dentro, os alegres e divertidos bailes nos clubes sociais por qualquer pretexto, as quermesses, o futebol e o hóquei patins, eram os cinemas que reuniam mais assistência: só a visita anual da canhoneira, atracada ao cais muralha do século XVIII conseguia mais.
Varias sessões enchiam os fins de semana e feriados.Qualquer pessoa,fosse qual fosse a sua condição social, morasse onde morasse, poderia adquirir o ingresso.
As matinés preenchiam as tardes da juventude, em idade de pré ou namorico á vista. Era o escape da semana de aulas e desfrutarem da liberdade por umas horas. Pelo começo da noite a sessão adulta .Uns, velhos residentes, ocupavam o lugares avençados, outros faziam longa fila na bilheteira que esgotava, quando os actores eram estrelas famosas de Hollywood ... do romantismo francês ou "do top" universalmente conhecidos.
Quando, os lindos saris ,assentando perfeitamente em corpos esbeltos, desfilavam elegantemente na mesma direcção, pela manhã, era sessão indiana, as cores evidenciavam-se na sala, quebrando o tempo do drama, de longuíssima metragem.
Passagens de cenários atraentes, para qualquer cidadão de qualquer nacionalidade e traz muitas saudades, a quem os viveu, natural ou não, desse distinto lugar que repelia o visitante ao primeiro contacto e o afagava longamente nos posteriores, tornando-o amante-residente................
As três casas de espectáculos eram deficitárias.Não pela falta de frequência,mas, por um mau esquecimento. O esquecimento do povo. Do povo suburbano de baixo rendimento operário espontâneo de qualquer serviço. O verdadeiro povo alegre que corria ávido apanhando a "m'cham"(?), insectos alados, em volta da iluminação publica,que acorriam aos milhares ,em movimento rotativo num espectáculo único.Era ver quem apanhava mais......saciando o desejo gustativo.
Para esse povo, existira um clube o Centro Africano ,que nasceu tal como morreu, quase sem se dar por isso, reduzido que foi a uma equipa de futebol............
Tremendamente esquecido na área cultural ,não existia vontade, lugar nem horário para uma sessão popular, de baixo preço, que ele pudesse frequentar, desfrutar da alegria, conhecimento e poder da sétima arte............(Baú do Tempo)

sexta-feira, 25 de abril de 2014

MARCO DE UNIÃO

..era Fevereiro de 1972 a rapaziada do Hoquei Clube de Tete  foram-se mostrar a Moatize. O entusiasmo entre miudos dos dez aos treze era uma aventura , sairem de Tete-cidade mostrarem os seu dotes de patinadores e jogadores. A festa foi grande e assistência aplaudi-os, enchendo-os de orgulho e incentivando-os a prosseguir, que para alguns chegou á internacionalização. As horas passaram tão rápido, que o sol caiu e o batelão parou. Agora como é que vamos passar do Matundo para Tete? 
Aí deu-se a " Inauguração da Ponte"por todos a passar a pé , graças a autorização do Governador Rocha Simões, cujo filho tambem estava no grupo..... 

Vista do lado do Matundo


Vista do lado de Tete


“A construção da Ponte Marcelo Caetano (que depois da independência passou a designar-se Samora Machel) integrava-se no conjunto de trabalhos indispensáveis ao arranque da construção da Barragem de Cahora-Bassa. Inscrevia-se também no mais importante eixo rodoviário da África Oriental, que, partindo da Cidade do Cabo, na República da África do Sul, passa pela Rodésia (atual Zimbabwe), Moçambique (na província de Tete, entre o Zóbué e Changara), Malawi, Zâmbia e segue além do Quénia. Em Moçambique, servia ainda regiões com grandes potencialidades agro-pecuárias e mineiras e vinha permitir o escoamento rápido e económico das produções das terras riquíssimas a norte do Zambeze, como eraAngónia, Macanga, Marávia e Zumbo. A construção teve início em março de 1968, tendo a empreitada sido entregue à empresa Empreiteiros de Moçambique SARL (ERMOQUE), estando a fiscalização e controlo dos trabalhos a cargo da Junta Autónoma de Estradas de Moçambique. Uma descrição pormenorizada apre- senta esta estrutura, metálica e suspensa, de grande dimensão (com autoria do engenheiro Edgar Cardoso), do seguinte modo: “A ponte sobre o rio Zambeze, com 762,00 metros de comprimento total vence 5 vãos parciais (3 centrais com 180,00 metros cada e 2 extremos de 90,00 metros cada). Trata-se duma ponte suspensa pré-esforçada, com cabos funiculares, sem vigas de rigidez e com cabos pré-esforçados de rigidez formando triângulos com os cabos pendurais oblíquos, constituindo assim um conjunto perfeitamente estável. A faixa de rodagem é de 7,20 metros e dispõe de dois passeios de 2,00 metros cada, com a largura total de tabuleiro de 11,20 metros. A ponte é constituída por dois cabos funiculares que amarram aos encontros e passam pelos topos de quatro torres. São estes cabos que através dos pendurais oblíquos, ligados inferior e longitudinalmente a dois cabos de rigidez, sustentam o tabuleiro. Cada cabo funicular é constituído por sete cabos elementares de 140 fios de aço galvanizado de alta resistência; os cabos de rigidez são realizados, cada um por 146 fios de aço, semelhantes àqueles; e os pendurais oblíquos, que suportam os tramos apoiados do tabuleiro por intermédio de carlingas de betão armado pré-esforçado, constam de 60 fios do mesmo material. Todos estes fios de aço têm o diâmetro de 5 milímetros. O tabuleiro é formado longitudinalmente por tramos simplesmente apoiados, constituídos por nove longarinas de betão pré-esforçado, ligadas pela laje e por quatro travessas em betão armado. As quatro torres, em betão armado, são formadas por duas colunas, ligeiramente convergentes para o coroamento. As colunas são contraventadas e a ligação entre elas executada, ao nível dos aparelhos de passagem dos cabos funiculares, por uma viga, sendo todas estas peças em betão armado. Cada torre assenta numa sapata a qual por sua vez encabeça dois poços cilíndricos de betão armado com 6,00 metros de diâmetro, tendo atingido os poços mais profundos cerca de 22,00 metros. Os encontros são ocos, de betão armado, com duas peças pré‐esforçadas para amarração dos cabos, que funcionam como tirantes dessas amarrações. Assentam também em grandes sapatas, encastrando estas diretamente nos terrenos rochosos das margens”. (A Tribuna, Lourenço Marques, 29.09.1972, p. 4). Viria a ser inaugurada em 20 de julho de 1972, pondo fim à travessia de batelões entre a cidade de Tete e o Matundo, que remontava à década de 1920 ( from Antº Sopa)

domingo, 23 de março de 2014

SANTUÁRIO DE BOROMA






As missões  cristãs foram  por muitas dezenas de anos as únicas instituições de ensino  em Africa e particularmente  no seu interior. 
A poucos quilómetros  da vetusta cidade de Tete fica uma dessas missões. Talvez das mais  proeminentes  em acção numa zona rica de história, a Missão de Boroma , á data era assim definida:

"Esta missão, fundada lia poucos annos pelos padres jesuítas da Zambezia, está situada no prazo Boroma, na margem direita do Zambeze, e quatro horas a montante de Tete, na base da serra Nhacindi, c na margem esquerda do riacho I\Iutatazi. O logar é extremamente pittoresco, de alegre e formoso aspecto, assenta cm terrenos férteis, c junto a abundantes pedreiras de jaspe de que se faz óptima cal.
As casas de habitação, igreja, escolas, dormitórios, celleiros c outras officinas tinham, ainda em 18S8, um aspecto um tanto provisório, mas estavam n"um irreprehensivel estado de ordem e asseio. Todas as edificações estão encerradas em um vasto quadrilátero de tapume de paus, similhando os das aringas, mas mais fraco do que ellas, e só destinado a impedir a approximação das feras, e difficultar a dos ladrões.

Visitei a missão em 22 de novembro de 188S, e fiquei agradavelmente impressionado com o resultado admirável já tirado pelos beneméritos padres e seus auxiliares, a despeito das invejas e malquerenças com que os tcem por vezes perseguido alguns moradores do districto. Não posso deixar passar esta occasião sem mencionar aqui os nomes dos heróicos e desinteressadissimos obreiros da civilisação, que tão respeitosa e amavelmente me receberam na missão de S. José de
Boroma, e que tanto teem já trabalhado. Eil-os : Victor José Courtois, superior da missão da Zambezia superior.”sic”


Muitos homens  aqui aprenderam as primeiras letras, aqui se formaram  profissionalmente  em diversas áreas. O complexo da seculo XIX  foi construído por moçambicanos, orientação jesuíta , permanece ainda com a traça que lhe dá tanta beleza .Uma relíquia em solo do interior.

Versus.1965(ignotus)

Se um dia fores a Tete…
reza uma prece em Boroma.


Ao romper da madrugada
enquando o  rio é sudário,
de grossas aluviões
Sobe  p´la  ondulante  picada
Até Boroma santuário
local de muitas reflexões


No nicho, á sua entrada,
Um grosso cirio acende
que dure a tua estada
de te lembrar tanta gente
que gostaria de pisar
essa terra mui sagrada

Poe ramos de rubras flores
das acácias… floridas,
nos altares p´los teus amores,
Pelas horas ali vividas
P´ra que ninguem sinta o sabor
da hora da despedida


se um dia fores a Tete..
reza uma prece em Boroma
                                              (Sent. 1965)